Ás vezes parecemos marinheiros de primeira viagem mesmo quando já acumulamos certa experiência. Foi o que me aconteceu ao participar de uma prova que partia de Curitiba conhecida como Raid da meia Noite, e tinha por ponto final a cidade de Matinhos, no litoral do Paraná. O trajeto seria por uma recém aberta estrada, mas que ainda estava em seu leito natural, isto é, sem pavimentação. O que ninguém esperava, e muito menos eu, era que a dita estrada passava por um longo trecho de pântanos.
Na semana que antecedeu a prova, choveu cântaros, deixando a estrada num verdadeiro mar de lama mesmo sem o auxílio dos políticos de Brasília. E nós seguimos para aquele lodaçal sem saber o que nos esperava.
Quando entramos no referido trecho, já havia índicos da “tragédia”. Muitos dos 120 veículos participantes já estavam firmemente grudados em vários pontos. Quanto mais entrávamos no pântano, mais visões assustadoras. Uma pic-up atolada até a altura da metade da lataria de tal forma que, seus ocupantes tiveram que sair pela janela. Um fotógrafo deu um passo para trás para melhor enquadrar a cena e atolou até os joelhos. Não podendo sair dali por conta própria, teve que ser puxado por dois companheiros, deixando para sempre uma bota perdida no “mingau”. Nem uma minuciosa escavação arqueológica foi capaz de resgatar o objeto.
Mais adiante vi um trator D10 atolado sendo ajudado inutilmente por um trator D20. Um moto scraper veio em socorro dos dois e também ficou paralisado.
Até então eu estava confiante. Meu valente Happy Car tenha vencido todos os obstáculos. Mas o mingau também invadiu o distribuidor do meu jeep. Desmontei-o para limpar, mas ao recolocar os cabos de vela, inadvertidamente troquei a posição de dois. (só vim a descobrir isso três dias depois). E quem disse que jeep funciona com os cabos trocados? Depois de muitas tentativas acabei por abandonar meu valente na trilha. Não havia perigo em deixá-lo só. Quem iria retirá-lo de lá? Ao menos era um consolo saber que ele não seria roubado. Quando voltei com socorro, três dias depois, o solo já estava mais transitável e foi só acertar os cabos, para meu jipito funcionar normalmente, a sair de lá por conta própria.
Depois deste episódio aprendi a isolar a parte elétrica e numerar os cabos de vela para nunca mais enfrentar este tipo de situação.
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