Comprar na beira da estrada

De todos os produtos vendidos nas beiras das estradas, com toda a certeza, as mais perigosas são aquelas frituras já preparadas. Ficam ali tentando fisgar os passantes por dias a fio. É só dar uma olha nos apelidos que os caminhoneiros dão a elas, e acredite eles são especialistas no assunto;

 - Jesus me chama.

- Já-te-vi.

- Bife de hoje - bolinho de amanhã.

 - A comida francesa reston dontê.

-  A comida japonesa soborô.

 e outras preciosidades.

      A menos que você tenha estômago de tubarão ou revestido de aço, é quase certo que o resultado será um devastador tsunami intestinal, sem a menos chance de você chegar a um local seguro antes que ele aconteça. Você já notou como os postos de gasolina e seus preciosos sanitários, desaparecem como que por encanto nestas ocasiões?

      Comprar frutas em sacos nem pensar. Sempre tem três ou quatro estragadas no fundo do pacote, o que você só descobre depois de rodar uns trinta km. Aí você não vai querer fazer 60 km extras só para reclamar ou descobrir que o espertalhão que te fez de bobo já não esta mais lá.

      Quanto ao preço, ele é sempre maior que nos supermercados. E não são só uns centavinhos a mais não. É o dobro do preço mesmo. Lembre-se, sob a ótica do vendedor de beira de estrada você é o turista, e o turista é sempre endinheirado.

      Já fui vítima destes vendedores ambulantes. Certa feita viajando entre Garuva e Guaratuba, comprei quatro dúzias de caranguejos na beira da estrada. Só que o sacana do vendedor acondicionou aqueles monstros pré-históricos em dois sacos mas,  não amarrou a boca do saco fato este que me passou despercebido. Em determinado momento já noite, quando pressionei o pedal da embreagem, senti como se tivesse esmagado um ovo. Olhei para baixo e vi que deste ovo saiam oito enormes pernas cabeludas. Uma fração de segundo depois o jeep já estava estacionado no acostamento da rodovia e eu tendo abandonado o navio. Meus amigos que viajavam logo atrás, em outro jeep, me contaram que foi a cena mais hilariante das férias, ver eu pular fora do jeep feito um atleta olímpico, perseguido pelos monstrinhos cabeludos. Ah! Como é doce rir da desgraça alheia.