Contagem Regressiva

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

Carro não é um monte de lata

      Carro é um ente que tem personalidade e quase sempre é temperamental. Trate com desprezo seu carro e você será vítima de uma porção de defeitos misteriosos que nem mesmo o melhor mecânico da autorizada conseguirá sanar. Jeep então, nem se fala. Não julgue pelas aparências nem o jeep e nem o seu dono. É perfeitamente normal encontrar esta dupla “conversando a sós em uma garagem na sexta-feira, combinando a saída do fim de semana. O jipeiro não está louco nem falando sozinho. O jeep responderá no dia seguinte, com um leve ronronar de seu motor e um passeio sem nenhuma quebra.
      Todos os meus carros foram batizados. Nenhum ficou sem nome. Aprendi a dirigir no Renault Dauphine da minha mãe, ao qual apelidei de Machão (não vou dizer a razão deste nome). Meu primeiro carro comprado foi o jeep Willys, apelidado de Happy Car. Assoviava verdadeiras melodias inexplicáveis, daí o nome. Só fomos descobrir a razão muitos anos depois, quando em uma viagem para a praia de São Francisco do Sul, meu filho Christopher fez alguma coisa que calou o jipinho. Percebi logo e perguntei:
- O que foi que você fez?
E ele:
- botei o dedo neste furinho do para brisa.
      Explicação. O carro estava sem o motor de limpador de para brisa. Acontece que este orifício passa por uma travessa tubular que o jeep tem, e que acaba por funcionar como uma flauta quando o ar passa por ali. Mas isso só depois que a velocidade alcança certo valor, quase sempre na estrada. Não é pra menos que ele manifestava assim, seu prazer em viajar.
      Já tive o Moranguinho, meu fusquinha vermelho. E o Colméia, um Corcel amarelo. A Sueli Gata, um Maverick tão estragado que a gente ficou com pena de chamar de sucata. O Poderoso retângulo Negro, este sim, um maverick GT novinho. O Vesguinho, um jipe CJ5 com as palhetas sem sincronia. A Querida fedorenta, uma caminhonete Chevrolet cheia de carpet por dentro que cheirava a cachorro molhado. A Limusine do Vovô, um jeep bernardão muito confortável. A Poioca , nossa Toyota bandeirante. O Bobby , um jipe M38 e finalmente o atual jeep Diogo Velho Joe. Este último não fui eu quem apelidou. Comecei chamando-o provisoriamente de Morceguinho porque tinha uma chave de ignição da marca morcego. Entretanto, o Morceguinho estava numa oficina quando o mecânico Nery telefona avisando que o “Velho Joe” estava pronto. Aí nascem meus filhos Leonardo e Gustavo que aprendem a falar e mudam para Diogo Velho. Não tenho a menor idéia porque estas mudanças. . . Aí, juntei os dois nomes.
      Comportamento estranho mesmo, aconteceu com a Velhona (Verona) do meu amigo Beto Winck. Da noite pro dia o carro começou a apresentar uns sons muito esquisitos. O veículo foi levado para os mais diversos especialistas, passou pelas mais severas revisões e isto durante quase seis meses e ninguém, absolutamente ninguém diagnosticava o problema. Aliás não havia problema. O carro funcionava perfeitamente, mas o som não desaparecia. E a cada dia o som ficava diferente. O Beto já estava a fim de benzer ou até mandar fazer reza braba e mandinga para ver se solucionava.
      Até que um dia os ruídos estranhos se foram, para nunca mais voltar. Só muito mais tarde é que o mistério ficou esclarecido. Ao fazer uma limpeza interna, foi encontrado um daqueles brinquedinho japonês Tamagushi embaixo do banco do co-piloto, já com a bateria totalmente descarregada.



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