Sei que ao escrever este capítulo corro o risco de perder muitas das minhas leitoras, ser levado para a inquisição do mundo da Luluzinha e de ver até mesmo, este livro lançado à fogueira do inferno. Mas, mesmo assim correrei este risco, por força da necessidade de ser justo com os veículos e seus adoradores.
Costumo dizer que em relação ao jeep, há dois tipos de mulheres: as burras e as espertas. As burras dizem:
– Ou eu ou o jeep! .
As espertas ficam com os dois, o jeep e o marido (namorado, amante, agregado, parceiro etc). Para um apaixonado do veículo, a pior coisa que ele pode ouvir é esta imposição de escolha. Quase sempre o resultado é o mesmo, o jipeiro troca de namorada. Existe até mesmo um adesivo tradicional que os jipeiros ostentado com um certo orgulho que diz –“ minha garota falou que me deixaria se eu não vendesse este jeep. Puxa, como eu sinto saudades . . . DELA! “.
Vi também uma quadrinha rimada que assim dizia –
“ a minha gata queria dar uma voltinha,
Pegar meu jeep e sair por aí sozinha.
Disse pra ela que para mim estava claro,
Deixe meu jeep e vá pro shopping com outro carro.
Ela falou que era ela ou meu carro,
Que não gostava de ficar suja de barro.
Ai que saudades que eu sinto do seu perfume,
Eu largo tudo, mas do jeep tenho ciúme.
Mas não vamos radicalizar nem dispensar uma boa (no sentido figurado) companhia feminina. Afinal, ainda há, nestes tempos moderninhos, homem que gosta disso.
Além do que, aconselho as mulheres a pensarem no seguinte: é melhor que seu queridinho tenha o jeep como passatempo do que achar outro tipo de diversão. Não é melhor que ele esteja na garagem da casa do que fora, sabe lá onde, e com quem, e fazendo o que? Saiba que o jeep dará muito menos despesa do que uma eventual amante. E de mais a mais, jeep não engravida, não pede pensão alimentícia, não dá escândalo, e ainda você pode dar umas voltinhas com ele, tirando proveito, coisa que, com certeza, você não iria querer fazer com “a outra ”.
Sejamos justos. Você já ouviu algum homem dizer:
- Ou eu, ou os seus brincos” ?
Sabe qual é o tipo de mulher pela qual, qualquer jipeiro “baba”? É aquela que está ao volante de um jeep. E nem interessa muito o tipo físico dela. O que o atrai mesmo é a sua atitude.
Um jipeiro sem jeep é apenas um meio-homem. A menos que você goste de homem frustrado. Mas aí já vai uma certa dose de sadismo.
Certa vez, eu participava do famoso Raid da Meia-noite, em Curitiba. Na concentração que antecede a largada, observei um animado grupo de três rapazes e suas respectivas namoradas. Mas, macaco velho que sou, notei que duas coisas não estavam combinando; os calçados de salto alto delas e as constantes reclamações que elas faziam da aparência do jeep em que estavam e que iriam participar da competição. Não deu outra. Já no meio da prova e no meio do mato, isto lá pelas duas horas da madrugada, encontrei-as sozinhas pedindo carona para voltar para a cidade. Enfim, como eu disse lá no começo deste capítulo: seja uma mulher esperta, fique com os dois.