Contagem Regressiva

quinta-feira, 24 de maio de 2012

Jeep&Boddy 6 Trans ferro velho 1989 (continuação)

      Em Porto União, que é cidade gêmea com União da Vitória e apenas separadas por uma estrada de ferro, visitamos a família Strobino. Para mim uma visita histórica porque foi nela que passei as minhas férias de verão de 1964, e onde contraí uma outra doença incurável, a beatlemania.  Foi onde escutei pela primeira vez She Loves You e I Wanna Hold Your Hand.
      Desta vez o ferro velho local foi generoso. Localizamos um banco traseiro de jipe 1942, um banco dianteiro do mesmo jipe, e um cabeçote de motor. Verdadeiras preciosidades.
      Estas cidades São banhadas pelo Rio Iguaçu, e quando já estávamos nos deslocando outra vez pela estrada, encontramos uma placa indicativa onde estava escrito “Banhado do Iguaçu”. Coloquei o Iguaçu do lado da placa , e tirei uma foto, no mínimo pitoresca, um Iguaçu do lado do outro.
      Cansados de tantos Iguaçus, rumamos para Bituruna, e Pinhão, pretendendo chegar em Guarapuava ainda naquele dia , onde meu pai tinha uma fazenda. Mas na paz e lentidão em que nosso veículo se deslocava, a noite nos surpreendeu ainda muito longo do destino. Eram 23:00h quanto batemos à porta. Surpresa para todos é claro. Lá no sítio, mui raramente alguém aparece depois das 18:00h. Todo mundo se recolhe cedo, e como nem televisão pega naquele fim de mundo, janta-se cedo, e cedo todos vão dormir, isto no mais tardar pelas 10:00h. Da dá para entender o espanto. Mas como eu não visitava o local à mais de 6 anos, tudo virou festa, tirando o sítio da rotina.
      Jantamos e fomos para a beira do fogão de lenha para contar causos, comer pinhão assado na brasa e tomar mate.
      Como meu pai havia casado novamente, por parte dele tenho 6 meio-irmãos o que juntando tudo dá 3 irmãos inteiros. Estes nunca tinham saído daquela localidade de tal forma que quando o Iguaçu começou a contar suas peripécias, virou logo atração. Mas como não poderia ser diferente, queriam é saber como era mesmo esse tal de mar, se era salgado e outras coisas. Um destes irmãos já tinha visto pela televisão e o retratava á seu modo. A conversa ficou mais ou menos assim:
Mano 1 Mais comé mesmo esse mar, é grande mesmo?
Mano 2 Nem imagina sô! Até parece um campo de soja. Não dá pra vê o fim.
Mano 3 É verdade que tem umas marola?
Mano 2 Óia, nem dá pracreditá. Vai formando um barranco de água, cada vez mais arto e de repente “trumb”  desaba no lombo das pessoa.
Mano 1E comé que as pessoa não se afoga?
Mano 2 – Sei lá. Tem uns corajoso que enfia as cara no barranco e aparece dotro lado.
Mano 3 Então quando a gente for vê o mar, a gente finca uma estaca na areia, amarra uma corda longa na cintura e vai prágua. Se a gente estive se afogando voceis me puxa de vorta.
Mano 1Mas porque sargá a água?
Mano 2 Seu burro! Ninguém sargô. Já naceu sargada!
Mano 3 Se tem tanta água sargada dava pra gente trazê e distribuí pros vizinho e usá aqui no sítio.
Mano 2  É? E ia fazê o quê com ela seu tonto?
Mano 3 Ué? E a gente não sarga o mio pra comê, e não dá sar pras vaca?
      Dias mas tarde falei para o Iguaçu que estava disposto a mudar o roteiro da viagem, para levar os meio-manos até Camboriú, o mais famoso balneário do Sul do Brasil, mas com  a seguinte condição; levar o grupo de meio-manos de jeep, com engradados de galinha viva, papagaio e o cachorro. Nós iríamos vestidos como eles estão acostumados, e deixaríamos as barbas crescerem, sem esquecer o chapéu de palha. Lá na praia fincaríamos uma estaca na areia , amarraríamos uma corda na cintura e... não entendi porque o Iguaçu não topou!

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