Por conta de uma ave rara destas paragens, esta via é chamada de Serra do Corvo Branco, onde resolvemos acampar junto a um grupo de paulistas que lá haviam chegado dois dias antes.
Mas branco mesmo, ficaram equipamentos, barraca e jipe, por conta da temperatura que naquela noite baixou para 4 graus negativos, cobrindo tudo com fina camada de gelo. Naquela madrugada usei todos os meus recursos de abrigo, e mesmo assim passei frio. Nos pés uma meia soquete acrescida de um saco plástico (para evitar a infiltração da umidade), uma meia de futebol cobrindo até o joelho e a bota sobre tudo isso. As pernas protegidas por ceroula e uma calça jeans (que não esquenta nada). No tórax camiseta, camisa de manga longa, pulôver de lã, jaqueta leve, e casaco anti-neve. Nas mãos luva de lã, sobre ela luva de couro com forro de pele de carneiro. Na cabeça gorro de lã tipo motoqueiro em que só o “zoinho” fica de fora e capacete. Por sobre toda esta couraça um cobertor de lã de carneiro. E mesmo assim repito, passei frio, ele achou um jeitinho de se infiltrar. Até hoje fico matutando: por onde teria entrado o frio? Só pode ter sido pelo “zoinho”. Afinal, foi a única coisa que ficou de fora.
Pela manhã estávamos quebrando o gelo da superfície do riacho próximo para obter água para o café. Banho? Nem pensar. Melhor deixar para o meio-dia, quando então as temperaturas estariam mais amenas.
Despedimo-nos dos paulistas com os quais tínhamos compartilhado comida, conversa e fogueira na noite anterior, e partimos para o ponto mais alto e um dos mais frios do sul do Brasil . O Morro da Igreja, na altitude 1.827 metros .
Este local abriga o radar do CINDACTA que controla todos os vôos no sul do país. O local é absolutamente vedado aos civis, e não é permitido sequer fotografar aquela cúpula que cobre o radar. Mas como não estamos interessados nisso, limitamo-nos a fazer um lanche e fotografar a paisagem exuberante.
Nossa próxima cidade, Urubici, apesar de bucólica, nada tinha a nos oferecer em matéria de ferro velho. Aproveitamos somente sua hospitalidade por um dia, reabastecemos o jeep, compramos carne e pão, e partimos rumo à Urupema.
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