Contagem Regressiva

quinta-feira, 17 de maio de 2012

Jeep&Boddy 6 Trans ferro-velho 1989 (continuação)

      Por conta de uma ave rara destas paragens, esta via é chamada de Serra do Corvo Branco, onde resolvemos acampar junto a um grupo de paulistas que lá haviam chegado dois dias antes.
      Mas branco mesmo, ficaram equipamentos, barraca e jipe, por conta da temperatura que naquela noite baixou para 4 graus negativos, cobrindo tudo com fina camada de gelo. Naquela madrugada usei todos os meus recursos de abrigo, e mesmo assim passei frio. Nos pés uma meia soquete acrescida de um saco plástico (para evitar a infiltração da umidade), uma meia de futebol cobrindo até o joelho e a bota sobre tudo isso. As pernas protegidas por ceroula e uma calça jeans (que não esquenta nada). No tórax camiseta, camisa de manga longa, pulôver de lã, jaqueta leve, e casaco anti-neve. Nas mãos luva de lã, sobre ela luva de couro com forro de pele de carneiro. Na cabeça gorro de lã tipo motoqueiro em que só o “zoinho” fica de fora e capacete. Por sobre toda esta couraça um cobertor de lã de carneiro. E mesmo assim repito, passei frio, ele achou um jeitinho de se infiltrar. Até hoje fico matutando: por onde teria entrado o frio? Só pode ter sido pelo “zoinho”. Afinal, foi a única coisa que ficou de fora.
      Pela manhã estávamos quebrando o gelo da superfície do riacho próximo para obter água para o café. Banho? Nem pensar. Melhor deixar para o meio-dia, quando então as temperaturas estariam mais amenas.
      Despedimo-nos dos paulistas com os quais tínhamos compartilhado comida, conversa e fogueira na noite anterior, e partimos para o ponto mais alto e um dos mais frios do sul do Brasil . O Morro da Igreja, na altitude 1.827 metros.
      Este local abriga o radar do CINDACTA que controla todos os vôos no sul do país. O local é absolutamente vedado aos civis, e não é permitido sequer fotografar aquela cúpula que cobre o radar. Mas como não estamos interessados nisso, limitamo-nos a fazer um lanche e fotografar a paisagem exuberante.
      Nossa próxima cidade, Urubici, apesar de bucólica, nada tinha a nos oferecer em matéria de ferro velho. Aproveitamos somente sua hospitalidade por um dia, reabastecemos o jeep, compramos carne e pão, e partimos rumo à Urupema.
Na estrada encontramos um local ideal ás margem de um pequeno rio, onde fizemos nosso bivaque . A fome opera milagres. Foi um verdadeiro banquete.
Neste trecho passamos por Rio Rufino, onde fotografamos um casarão de madeira que no passado remoto abrigara uma “estação de lotação”. Verdadeira relíquia.
      Poucos quilômetros depois, em meio a uma extensa plantação de pinus, encontramos um local ideal para acampar e passar a noite. O frio já não era tão intenso, de maneira que  dormimos melhor.






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