A discussão mais inútil que se pode ter é em relação ao melhor carro do mundo. É óbvio que é aquele que cada um de nós tem na garagem. E isso por conta de um raciocínio elementar. Estão está lá porque nós gostamos deles ou porque é o carro que o nosso bolso permite. Claro que se um dia trocarmos, então o novo será o melhor carro do mundo.
Nunca desmereça o carro de ninguém, a menos que você não se importe em parecer grosso e acrescentar mais um inimigo em sua lista. Se gostar elogie, caso contrário guarde sua opinião para sí.
Eu jamais perdôo quem ofende o meu jeep. Aceito que não gostem, mas falar mal dele na minha frente é outra coisa. Em uma manhã ensolarada de sábado, eu dirigia meu jipito rumo à praia da Joaquina em Floripa quando quatro garotas acenaram pedindo carona. Como não costumo dar carona para ninguém, (não coloco barbado a bordo e tenho por conta que mulher em beira de estrada é quase sempre Maria-gasolina), passei batido. Mas uma delas gritou:
- BODDDDY!!!.
Aí pensei, “esta é conhecida e portanto não vou deixar uma amiga na mão”. Parei, dei ré por uns metros para descobrir que era uma aluna recente e três amigas.
Ela no banco da frente e as demais sentadas lá trás. Aí veio a primeira pedrada. Uma daquelas desconhecidas fala:
- Mas aqui atrás venta muito.
E eu com meus botões penso ( Ganha carona e ainda fala mal do meu jeep ? UM ! ).
E a mesma garota logo em seguida:
- Que carro mais desconfortável.
E o meu pensamento ( DOIS ! ).
E para arrematar a outra lá de trás acrescenta:
- Eu disse para a gente esperar por outro carro!
Meu pensamento (TRÊS!) aí meu pé direito , sem que eu mandasse, abandona o acelerador, transfere-se como um raio para o pedal do freio, pressiona-o violentamente. Minhas mãos aderem ao protesto virando o volante para o acostamento, e minha boca, num ato de revolta coletiva pronuncia:
– DESCE ! ! !
Silêncio total. E a minha boca de novo:
- DESCE ! ! ”
E a coitada da minha aluna:
- Mas se ela descer eu também vou”.
E a minha boca rebelde:
- AH É? QUE PENINHA ! FIQUEM AÍ NA BEIRA DA ESTRADA ATÉ QUE PASSE UM BMW, COM AR CONDICIONADO, E BANCOS DE COURO, E VIDRO FUMÊ, E SOM ESTÉREO E MP3 E NA COR QUE VOCÊS MAIS PREFERIREM E COM O BRED PIT AO VOLANTE!
Não sei se foi imaginação minha, mas quando, por pura coincidência, vi elas duas horas depois, descendo do ônibus que fazia a linha da praia, tive a impressão que meu jeep não conseguia esconder uma certa risadinha de prazer sádico.
Meninas de pouca inteligência deveriam fazer um estágio com minha avó, autora do melhor elogio que meu jeep já recebeu. Em uma ocasião que cheguei de Floripa, encontrei meus parentes, entre os quais minha mãe e minha avó Josephina (80 anos), tomando chimarrão em frente á casa. Assim que desembarquei minha avó disse:
Avó – Simpático este teu jipinho, Beto.
Eu – Brigado Vó.
Avó – Acho que ia ser um barato eu viajar nele.
Eu – É mesmo?
Aí a minha mãe Leonor (60 anos), que apenas escutava a conversa, dispara:
– “Que é isso mãe!? Na sua idade? Parece que não se enxerga”.
E se retira indignada. Minha Avó espera um pouco e complementa:
– Não liga Beto. Tua mãe está ficando esclerosada.
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