Contagem Regressiva

terça-feira, 22 de maio de 2012

Jeep&Boddy 6 Trans Ferro Velho 1989 (continuação)

       Na manhã seguinte, o final do trecho de estrada pedregosa passando por Painel nos levou á Lages. Após abastecer tomamos a BR 116 e rodamos até Curitibanos. Nesta última cidade lembramos que tínhamos um objetivo de viagem, porém o ferro velho era praticamente inexistente. Seguimos então via Frei Rogério até Fraiburgo.
      Tida como a verdadeira capital brasileira da maçã, talvez faça realmente jus ao título. As estradas que pegamos tinham plantações intermináveis desta fruta em ambos os lados. A paisagem era uniforme e monótona por quilômetros á fio.
      O ferro velho local era grande mas sem nenhum atrativo para nós. Somente peças de tratores e de outros implementos agrícolas. Não era para menos já que a região vive da intensa atividade de cultivar a terra.
      Provamos de alguns sabores da culinária local fortemente carregada de apelo ao consumo da maçã, é claro, mas deliciosos.
      26 quilômetros depois, estávamos em Videira, que apesar do nome não tinha tantos parreirais assim. Mais 31 quilômetros e chagamos em Caçador. Agora o que chamava a atenção eram os extensos pinheirais ao longo da estradinha. Mais tarde descobrimos que atravessamos uma área de preservação permanente desta árvore.
      Pela estradinha secundária, rumamos para Calmon, cidade que fervia de atividade por comportar uma grande serraria americana nos tempos da Guerra do contestado, mas que hoje não passava de uma esquecida cidadezinha. Ao passarmos pela sua periferia, falei para o Iguaçu:
Eu -  Acho que teu faro de jipeiro está ficando enferrujado.
Iguaçu – Por que?
Eu – Porque passamos por um grande galpão abandonado a uns 500 metros atrás, e você nem notou.
Iguaçu – Vamos voltar, então?
      Voltamos e demos uma espiada pela janela entreaberta. Para espanto nosso havia um jipe Land Rover abandonado e coberto de palha onde as galinhas haviam feito ninho. Entramos para olhar mais de perto.  No interior dele encontramos ovos e titicas de galinha em bom número. Não sou um apaixonado por esta marca, mas também não desconheço que vale muito entre os aficionados. Assim, sugeri procurarmos o proprietário para tentar comprá-lo e depois revender por um bom preço. Quem sabe pudéssemos cobrir as despesas da viagem.
      Na fazenda mais próxima obtivemos o nome do dono, mas este estava ausente, tendo ido para Porto União. Como era nosso destino também ir para esta cidade, perguntamos como era o carro dele e de que cor. Quem sabe o localizássemos.
- Carro? Disse o informante.
- Ele não esta de carro, está de trator. Um Massey-fergusson vermelho, traçado. Está de camisa xadrez e chapéu de palha”.
      Bem, acreditando que não poderia haver dois colonos de chapéu de palha, camisa xadrez, montados em um Massey-Fergusson vermelho traçado, circulando pela cidade, partimos na firme convicção que o encontraríamos facilmente. Ledo engano. Não vimos ninguém conforme a descrição. Dois meses mais tarde, ainda tentando rastrear o jeep, ficamos sabendo que seu proprietário havia doado aquele Land-Rover para um médico de Curitiba, como forma de agradecimento por ter curado uma ”diarréia braba” de seu filho.

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